Aquela casa lá no meio do nada é a minha calma no meio da tempestade; é o vazio que preciso no meio das coisas todas que possuo. É encontrar-me, perdendo-me.
Agora, com a vida a endireitar-se nas linhas tortas que um deus desconhecido traçou na folha de papel que é (supostamente) a minha vida, é difícil viver lá. O meu dia-a-dia já não me pertence, antes eu pertenço-lhe - à cidade... É a minha Lisboa e ter uma varanda e uma chávena de chá, ou um milka de qualquer espécie... é ter os meus problemas e poder dizê-los sem medo; é poder sorrir simplesmente porque está sol. É ter quatro ouvidos e quatro ombros quando estes fazem falta. E a falta que me fazem.
Lá, naquela casa, nada disto me é possível. Aqui neste refugio urbano sou mil vezes maior do que dentro daquelas paredes. Lá sou pequena (em diminuição constante). Desapareço a cada segundo.
E depois são todas as memórias de escolhas - talvez erradas - que me mostram quão diferente poderia ser a minha vida. Dois meses de sobrevivência. Alguém que me deseje sorte. Vou precisar.