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22 de outubro de 2011

Viagem

E 'e só depois de bem mais de um ano, que pego, lentamente no computador e escrevo.
E 'e só depois de bem mais de um ano, que concluo, que nunca foram os sítios, nunca foi só uma imagem, ou uma língua, ou um povo, ou um faduncho passado. Sempre foram as pessoas. Essas que dão vida aos lugarejos, que aquecem o teu coração, e te fazem ver o céu e o mar, um infinito azul. Sempre foram as memorias e os desejos. Desses, para esses. Viajantes.


"O povo português e, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo."

Pessoa

E cito Pessoa, alguém português de bom nome. Bem sei, outros povos também assim o hão-de-ser, apenas não tiveram este Pessoa, ou se tiveram, eu ainda não tive a graça de os conhecer. Ainda.
Voltar, com pés e cabeça, com olhar, cheiro e sabor, não foi voltar, foi encontrar de novo a viajante que se perdeu no caminho, e começar, de novo, sempre de novo, um novo caminhar numa nova viagem.


"A viagem não acaba nunca. So os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memoria. (...) E preciso voltar aos passos que foram dados. Para os repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. E preciso recomeçar a viagem. Sempre."

Saramago

Perdoem-me os erros. O computador 'e inglês e não conhece acentos no teclado.

20 de janeiro de 2010

Embriaga-te

"Devemos andar sempre bêbados.
É a única solução.
Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te pesa sobre os ombros e te verga ao encontro da terra, deves embriagar-te sem cessar.
Com vinho, com poesia, ou com a virtude.
Escolhe tu, mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez atenuada, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala; pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares. Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem descanso. Como vinho, com Poesia. ou com a virtude".

Charles Baudeleire

7 de janeiro de 2010

História de uma Gaivota e do Gato que A Ensinou a Voar

de Luís Sepúlveda


Fotografia por Patrícia Ferreira

"É muito fácil aceitar e gostar dos que são iguais a nós, mas fazê-lo com alguém diferente é muito dificil, e tu ajudaste-nos a consegui-lo. És uma gaivota e tens de seguir o teu destino de gaivota. Tens de voar. Quando o conseguires, ditosa, garanto-te que serás feliz, e então os teus sentimentos para connosco e os nossos para contigo serão mais intensos e belos , porque será a amizade entre seres totalmente diferentes"

30 de setembro de 2009

Zeitgeist

de Fernando Pinto do Amaral

Os meus contemporâneos falam muito
e dizem: «Então é assim»,
com o ar desenvolto de quem se alimenta
do som da própria voz, quando começam
a explicar longamente as actuais tendências
das artes ou das letras ou das sociedades
a pouco e pouco iguais umas às outras
neste primeiro mundo que nascemos,
agora que o segundo deixou de existir
e que o terceiro, mais guerra, menos fome,
continua abstracto, em folclore distante.

Parece que está morta a metafísica
e que a verdade adormeceu, sonâmbula,
nos corredores vazios onde às escuras
se vão cruzando alguns milhões de frases
dos meus contemporâneos. Todavia,
falam de tudo com entusiasmo
de quem lança «propostas» decisivas
e percorre as «vertentes» de novos caminhos
para a humanidade, enquanto saboreiam
a cerveja sem álcool, o café
sem cafeína e sobretudo
o amor sem amor, pra conservarem
o equilíbrio físico e mental

Os meus contemporâneos dizem quase sempre
que não são moralistas, e é por isso
que forçam toda a gente, mesmo quem não quer,
a ser livre, saudável e feliz:
proíbem o tabaco e o açúcar
e se por vezes sofrem, tomam comprimidos
porque a alegria é uma questão de química
e convém tê-la a horas certas, como
o prazer vigiado por preservativos
e outros sempre obrigatórios cintos
de segurança, pra que um dia possam
sentir que morrem cheios de saúde.

Quando contemplo os meus contemporâneos
entre as conversas trendy e os lugares da moda,
«tropeço de ternura», queria ser
pelo menos tão ingénuo como eles,
partilhar cada frémito dos lábios,
a labareda vã das gargalhadas
pela madrugada fora. No entanto,
assedia-me a acédia de ficar
assim , mais preguiçoso do que um Oblomov
à escala portuguesa - ó doce anestesia
a invadir-me o corpo, a libertar-me
desse feitiço a que se chama o « espírito
do tempo» em que vivemos, sob escombros
de um céu desmoronado em mil pequenos cacos
ainda luminosos, virtuais
estrelas que se apagam e acendem
à flor de todos os écrans
que os meus contemporâneos ligam e desligam
cada dia que passa, nunca se esquecendo
de carregar nas teclas necessárias
para a operação «save»
e assim alcançarem a eternidade.


16 de julho de 2009

Arte e Magia ou Utopia e Des(Ilusão)

"A arte é o que liberta o Homem das amarras do sistema e o torna Ser Humano.

A arte é como se fosse algo perfeito diante da realidade imperfeita."

By Sophya~


Arte é isto e muito mais... Magia é "joy to the world"... O resto é demais para se pronunciar, para se admitir ou para se escrever aqui. Resta o desejo:

All I Need Is A Little Time,
To Get Behind This Sun And Cast My Weight,
All I Need Is A Peace Of This Mind,
Then I Can Celebrate.

All In All There's Something To Give,
All In All There's Something To Do,
All In All There's Something To Live,
With You ...

All I Need Is A Little Sign,
To Get Behind This Sun And Cast This Weight Of Mine,
All I Need Is The Place To Find,
And There I'll Celebrate.

All In All There's Something To Give,
All In All There's Something To Do,
All In All There's Something To Live,
With You ...

Air

1 de julho de 2009

Finalizar (te)

The only real human response to the atrocities of our age is not literature, with the redemptive powers it has always been assumed to have, but silence.

George Steiner's Language and Silence

29 de junho de 2009

Nexus & Elites

(acerca de George Steiner)

"Estar à vontade no mundo da cultura significa estar à vontade em muitos mundos, muitas linguagens: estar à vontade na história das ideias, na literatura, na música, na arte. Requer erudição e a capacidade de ver as relações existentes entre os vários mundos: o nexus.

Há uma relação entre linguagem e politica, entre cultura e sociedade. Para compreender os desenvolvimentos culturais, para ver que ideias vigoram e quais as consequencias que terão, é indispensavel uma reflexão filosofico-cultural.

É essencial ser elitista - mas no sentido original da palavra: assumir responsabilidade pelo «melhor» do espirito humano. Uma elite cultural deve ter responsabilidade pelo conhecimento e preservação das ideias e dos valores mais importantes, pelos clássicos, pelo significado das palavras, pela nobreza do nosso espirito. Ser elitista, como explicou Goethe, significa ser respeitador: respeitador do divino, da natureza, dos nossos congéneres seres humanos, e, assim, da nossa própria dignidade humana."

Rob Riemen, director do Nexus Institute

" A democracia deve ser praticada onde é apropriado. A formação cientifica, contudo, (...) implica a existência de um certo tipo de aristocracia intelectual"

Max Weber

23 de junho de 2009

Atrás de um grande homem....

"É observação constante que nada impera tanto sobre a índole do homem, posto que viciosa e grosseira, como as maneiras afáveis e os sentimentos benignos da mulher. Força irresistivel porque se insinua pela brandura e pela meiguice; força latente, porque actua sem mostrar-se, e exerce o seu poder sob mil formas diversas; força soberana, quando se humilha e debulha em lágrimas; solene e majestosa, quando em seus passageiros rasgos de altivez, se lhe tingem as faces de rubor, os olhos lhe cintilam chamas, e a boca prorrompe em sentida indignação - a mulher na plenitude do seu vigor natural, radiante de beleza e resplendente de virtude, é o arbitro supremo dos nossos destinos!"

Escreveu:
José Feliz Henriques Nogueira
(algures entre 1823 e 1858)