7 de maio de 2013

Para Sempre

Ha quanto tempo não te via,
Oh saudade das horas de amargura,
Ja não conhecia este sal do pranto,
esta vaga de memorias.
O medo vem de mansinho,
como quem quer te acalmar,
mas espreita te pelos cantos,
a espera de te assustar.
Os pássaros cantam fininho,
fazendo o favor de anunciar,
que eu me encontro perdida,
mais uma vez, a procura do mar.

Quero embalar me na sua esperança,
e afogar a sua tristeza,
Queria embarcar nas ondas,
Para sempre, nunca mais voltar.

18 de março de 2012

Eu sou

Eu sou,
uma bola de neve,
completa com espinhos,
que nasceu do ar,
e morreu do sal do mar.

E eu,
jamais serei algo,
que nao isso.

31 de janeiro de 2012

Sei tanto que não sei nada

Tenho me convencido que sempre soube que ia dar para o torto, que os sinais já la estavam, e o alarme tinha soado. Tinha me convencido de que tu soubeste mais e maior, e que tinhas razão. Encontrar-me estava cá dentro, não la fora.
E agora sei, ou convenci me que sei, que, por vezes, a inteligência das emoções 'e tão crua, que te parte aos cacos, e te esfarrapa o vestido. Deixa-te nua, gelada e apática.
E sem hipótese de cura, o que se faz?
Eu só aprendi, a chegar la acima, saltar, e cair, negra no verde  dos debaixo. Sim, levanto-me, e fico um tiquinho mais alta, mas há cacos, que se perdem no vento, sem regresso. 
Pergunto-me, como crescer, sem me morrer pelo caminho? E que eu não sei, e já esta na altura de saber, pois o  este meu vaso, pintado a luz da lua, um dia já não haverá fita cola que o aguente. 
Da nortada do dia de hoje, sei que a super cola, também já não resulta.
E agora Marta?

26 de janeiro de 2012

A caminho...

E assim, como quem nao quer a coisa, a vida que me obrigou a desistir,
espalha-me uma grande rasteira, e conquista-me a insistir!
Assim, como quem nao quer a coisa, prometo-me,

sem,

cessar,

a continuar a acreditar que o bem pode vencer o mal.
Milagres não existem, não senhor...
Mas e pessoas, não diz que somos já uns bons 7 biliões?
A minha fé começa em mim.
Termina nos 7.

21 de janeiro de 2012

Brutal

'E brutal, o sol que se abre nos meus olhos,
quando abro as suas cortinas de manha.

'E brutal, as estrelas que brilham la em cima,
quando as luzes ca em baixo me ofuscam.

'E brutal, quando sonho, que um dia,
vou conquistar os meus sonhos.

'E brutal, quando 'a reveria, do que se exige,
os passos dados parecem desaparecer no asfalto.

'E brutal, quando me amas sem fim,
de luzes e portadas abertas.

'E brutal, quando me quebras o espirto,
que nem espelho face ao reflexo deformado.

'E brutal, a minha consciencia ser livre,
e os meus bracos me amarrarem as pernas.

'E brutal, estar tao feliz, e ao mesmo tempo tao so'.

'E brutalissimo, finalmente, escrever me sem me assassinar ao mesmo tempo.

Porque o poeta escreve sempre com a caneta apontada ao seu proprio peito. (Manuel Alegre)

Porque a minha caneta ja nao existe, e eu ja nao sou poeta.

Porque sou finalmente livre de mim propria.

3 de dezembro de 2011

E das trevas nasce a luz. Ou sera que o contrario?

Eles dizem, eles fazem. Eu comparo e nunca acaba bem. Uma situacao 'e fechar os olhos ao mundo, naquela de quem pensa que tudo vai acabar amanha, mas conscientemente sabe, sente e admite a escolha. Outra, e essa, toma um rumo diferente na escadaria que te leva do coracao ao cerebro, 'e admitir: que finalmente a abertura desses olhos, e pensando, desta vou ver, nao se conseguir ver nada.
E passam-se as horas, que se tornam em meses, a divagar entre o ser e o nao ser, aquilo que se quer fazer, e o que de facto se consegue.
E eles dizem, eles fazem. Falam de objectivar, subjectivando; de contar os minutos mais atentamente, de se ser mais honesto para com as paixoes e as decisoes. Mas nunca fazem, com que eu no fundo daquele meu fundo, acredite que a essencia do ser humano, pode por ultimo, mudar para satisfazer as regalias do dia-a-dia, aquelas que se confundem com momentos de felicidade, por aqueles que ainda acreditam que a felicidade se constroi, se vivendo momento a momento.
Pois como disse, nao me fazem acreditar. A natureza da mentira natural, do egoismo psiquico, da ambicao da comparacao desmedida, da ascensao, dos corpos, das almas, a um ceu, a um palco, que nao e mais, do que o reflexo da necessidade extrema de se ser sempre melhor.
A vida passou me um comprovativo em que se le "Tristeza e felicidade sao dependentes e viciosas". E hoje observo a minha alma, a perguntar ao meu espirito: Porque hei de querer ser melhor? Ser melhor, crescer, evoluir, significa tudo mais. E se eu conseguisse ficar no ponto zero?
Nao sou nada, nao quero nada. Existo. E nessa minha existencia neutra, residiria o verdadeiro poder para se viver esta que dizem que 'e minha vida.
Nem em mim sei se acredito. A ver vamos.

29 de outubro de 2011

V

Vulgo ver nesse verdete,
vedeta vacilando,
viciada em drogas voláteis,
do verde ao vermelho,
vinculo sempre viscoso.

Vislumbra a vigia da verdade,
sem ver ventania que a derrube,
Pois virão violas, violinos e violoncelos,
para vingar aquela que só será tua,
a virtude da vingança.

28 de outubro de 2011

A falar 'e que a gente se entende

O que são palavras,
senão pedaços do espelho,
que reflecte a tua alma?

O que são palavras,
senão laminas,
de encontro ao teu peito?

O que são palavras,
senão mecanismos,
vivos e transcendentes,
de se sofrer?

O que são palavras,
senão a arma,
sempre escolhida,
para nos assassinar?

22 de outubro de 2011

Viagem

E 'e só depois de bem mais de um ano, que pego, lentamente no computador e escrevo.
E 'e só depois de bem mais de um ano, que concluo, que nunca foram os sítios, nunca foi só uma imagem, ou uma língua, ou um povo, ou um faduncho passado. Sempre foram as pessoas. Essas que dão vida aos lugarejos, que aquecem o teu coração, e te fazem ver o céu e o mar, um infinito azul. Sempre foram as memorias e os desejos. Desses, para esses. Viajantes.


"O povo português e, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo."

Pessoa

E cito Pessoa, alguém português de bom nome. Bem sei, outros povos também assim o hão-de-ser, apenas não tiveram este Pessoa, ou se tiveram, eu ainda não tive a graça de os conhecer. Ainda.
Voltar, com pés e cabeça, com olhar, cheiro e sabor, não foi voltar, foi encontrar de novo a viajante que se perdeu no caminho, e começar, de novo, sempre de novo, um novo caminhar numa nova viagem.


"A viagem não acaba nunca. So os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memoria. (...) E preciso voltar aos passos que foram dados. Para os repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. E preciso recomeçar a viagem. Sempre."

Saramago

Perdoem-me os erros. O computador 'e inglês e não conhece acentos no teclado.

13 de março de 2011

Faca

É hoje o dia!
Em que leva a faca ao corpo,
e desfaz o engano da sétima arte,
tornada museu.

Será pois,
o ultimo suspiro,
daquele ultimo actor,
(que antes de sair de cena),
rebenta num fôlego,
e diz o que nunca foi dito.

Faz história,
nas mentes absurdas,
do povo surdo que o espreita.
Ainda assim morre,
morrendo mesmo,
sem respirar o etéreo ar,
que é a imortalidade lírica.