31 de outubro de 2009

Indochina

Masi uma vez o despertador tocou às 10 em ponto. Mais umas quantas vezes olhei pela janela, vi a luz, e pensei... ah e tal, só mais um bocadinho. Posto isto o acordar tem sido por volta das duas ou três. Porém, hoje, em vez do despertador, o telemóvel tocou. Num ápice puz me de pé e acordei.
Depois vieram mundos e fundos para me colocar no devido lugar a tempo. Consegui. 1 rídiculo minuto de atraso! Seguiu-se toda a panóplia do habitual. Duas, três crises existências, meia dúzia de piadinhas secas e pronto. Hora da pausa. Entre um cigarro e outro veio a confusão e um pânico muito díficil de entender. E depois a decisão. E abri-me de preconceitos. Deieti-os todos a um Ganges invisivel no qual, de seguida me banhei. É a Indochina de novo. Aqui bem perto. De mim.

28 de outubro de 2009

Açúcar dos dias

Fogem me as palavras. Esconde-se a coragem. Faltam-me os abraços.
Sinto dor e não sei de onde vem. Sinto-me a ser excluída da minha vida.
As minhas acções tornam-se obtusas, absurdas... Teimosas para todos os demais. Queria chorar, queria berrar, barafustar contra o mundo. Mas não sou capaz. Sei que não está para mim ninguém que me ouça. Ninguém que me veja. Queria teimar em evitar este desaparecimento de mim, esta invisibilidade que me transcende. Mas farto-me às vezes, de dar sem receber.

Tento chegar a toda a parte, e me parece que cada vez, me afasto e me perco mais. Sem qualquer açúcar dos dias.

25 de outubro de 2009

Voz

As perguntas vieram. Apareceram-me numa merda de um e-mail, porque a coragem nunca é demais quando se está somente diante de um ecrã. A questão é que para mim, já não há perguntas, quanto mais, respostas. Cheguei ao limite.

O limite é já não valer a pena. Mais não sei dar, não quero dar. Torcem-se me as entranhas num nó difuso e perturbado.

Estou a beber. Quero fumo. Quero atulhar-me de impurezas e depois limpar tudo como se começasse uma nova vida. Um novo dia pelo menos.

24 de outubro de 2009

Mundo

Mundo.
faz-se devagarinho,
sopra-me ao ouvido,
só mais esta canção!

Aquelas algeres notas do coração,
espasmos mariquitas de contentação.
Maravilhas da física e química do adn,
corpos mutilados, empilhados, presos,
como numa interminável canção.

Sonha o sopro do vento,
no ouvido teu.
Afoga as lágrimas.
Corre, foge do tempo.
Deixa sempre que o tempo fuja de ti.
Como quem luta por algo que pertence ao céu,
num infinito de estrelas que ainda ninguém,
se atreveu a contar.

22 de outubro de 2009

Transatlântico

Bebi do sangue envenenado desse copo que me estendias. Os estilhaços partiram- no escuro do breu da noite. A lãmina cortou o pé. O pé fraquejou e os ossos também. Viajou uma neura até o coração, e ele partiu. Impedioso com tamanho ímpeto. Monstrusoso e belo ao mesmo instante. Vinha luz de toda a parte, irradiando de todos os seres, de toda a parte. A concha fechou, escondendo a pérola que anteriormente brilhava. O céu apagou-se das estrelas e até das luas. Hoje soltei uma dessas bestas passadas e soube ligeiramente bem. Como que molho agridoce num paladar desconceptualizado.

21 de outubro de 2009

Digno

É digno de referência. Amei-te.

Grande

Hoje conheci Gobby,
saxofonista de profissão,
vagueou de Nova Iorque a São Francisco
três tristes anos fechado na ideia de Europa
na caixa quadrada dos filmes de Quentin Tarantino,
desejando apenas um ouvido, uma canção,
de quem acredita que não há não!

De quem,
de seus olhos fárois apreciaram a beleza,
de seus cabelos brancos em pele preta,
manchada pela sujidade das ruas;
sujidade das pessoas que nela passam,
e, na poluiçao que deixam como rasto eterno.
Essa substância é contaminação constante,
é sermos fetos e puros, e ao nascermos,

começarmos sempre a morrer.

15 de outubro de 2009

Para a Nóia?

Hoje sai-me da casca,

nasci pintainha outra vez,

com as peninhas intocadas

de uma qualquer depenadora de frangos

Toda a gente tem cascas, as vezes até de várias camadas. Também é isso que me entristece neste individualismo a que decidimos chamar de sociedade!

Hoje não tenho casca! Hoje sou pintainha livre com as peninhas intocadas!

13 de outubro de 2009

Maré Auspiciosa

Não tenho escrito porque não tenho tido tempo,
não tenho tido tempo para sentir,
nem os doces, nem os amargos
nem as noites!
E muito menos os dias.

Enrola-se a névoa dos obscuros segundos
num turbilhão, de tudo e,
ao mesmo tempo, de coisa nenhuma
e passam-se os dias e as noites até chegar a manhã,
Tardam-se as conversas que ardem em cigarros
Tarda-se a vontade de adormecer.

Esse apatia muda do ser-se homem,
e deixa o mundo ao acaso...
Aceso de si mesmo e dos perfumes das árvores,
do piar dos matinais pardais
que vagarosamente despertam para a clareza dos dias.

A mania, está em querer ter tudo não tendo nada
A magia também.


7 de outubro de 2009

Enlouquecer

É ver o mundo a avançar por uma corrente invisivel, sem rumo e sem medida.
Loucamente como se houvesse um qualquer tipo de eldorado no final. E eu pergunto de quê?

Da vida?
A minha loucura reside no achar que quem "existe" assim, não vive!

Sou eu contra o mundo dos invisiveis, das conversas iguais e dos sorrisos de conveniencia, das amizades espacio-temporais e dos amores em versão flash (tipo concertos vodafone - aparecem e desparecem)

Hoje, alguém me disse "admiro-te por saberes amar" - em mim foi o alivio no meio da batalha, a primeira vez que não me senti louca no meio de toda a loucura dos outros, a primeira vez que senti que o "ser eu", o tentar "não me corromper" vale a pena.

Não vivemos sozinhos. Não quero nunca "esquecer-me" disto. Por isso o escrevo. Porque acredito.