3 de dezembro de 2011

E das trevas nasce a luz. Ou sera que o contrario?

Eles dizem, eles fazem. Eu comparo e nunca acaba bem. Uma situacao 'e fechar os olhos ao mundo, naquela de quem pensa que tudo vai acabar amanha, mas conscientemente sabe, sente e admite a escolha. Outra, e essa, toma um rumo diferente na escadaria que te leva do coracao ao cerebro, 'e admitir: que finalmente a abertura desses olhos, e pensando, desta vou ver, nao se conseguir ver nada.
E passam-se as horas, que se tornam em meses, a divagar entre o ser e o nao ser, aquilo que se quer fazer, e o que de facto se consegue.
E eles dizem, eles fazem. Falam de objectivar, subjectivando; de contar os minutos mais atentamente, de se ser mais honesto para com as paixoes e as decisoes. Mas nunca fazem, com que eu no fundo daquele meu fundo, acredite que a essencia do ser humano, pode por ultimo, mudar para satisfazer as regalias do dia-a-dia, aquelas que se confundem com momentos de felicidade, por aqueles que ainda acreditam que a felicidade se constroi, se vivendo momento a momento.
Pois como disse, nao me fazem acreditar. A natureza da mentira natural, do egoismo psiquico, da ambicao da comparacao desmedida, da ascensao, dos corpos, das almas, a um ceu, a um palco, que nao e mais, do que o reflexo da necessidade extrema de se ser sempre melhor.
A vida passou me um comprovativo em que se le "Tristeza e felicidade sao dependentes e viciosas". E hoje observo a minha alma, a perguntar ao meu espirito: Porque hei de querer ser melhor? Ser melhor, crescer, evoluir, significa tudo mais. E se eu conseguisse ficar no ponto zero?
Nao sou nada, nao quero nada. Existo. E nessa minha existencia neutra, residiria o verdadeiro poder para se viver esta que dizem que 'e minha vida.
Nem em mim sei se acredito. A ver vamos.

29 de outubro de 2011

V

Vulgo ver nesse verdete,
vedeta vacilando,
viciada em drogas voláteis,
do verde ao vermelho,
vinculo sempre viscoso.

Vislumbra a vigia da verdade,
sem ver ventania que a derrube,
Pois virão violas, violinos e violoncelos,
para vingar aquela que só será tua,
a virtude da vingança.

28 de outubro de 2011

A falar 'e que a gente se entende

O que são palavras,
senão pedaços do espelho,
que reflecte a tua alma?

O que são palavras,
senão laminas,
de encontro ao teu peito?

O que são palavras,
senão mecanismos,
vivos e transcendentes,
de se sofrer?

O que são palavras,
senão a arma,
sempre escolhida,
para nos assassinar?

22 de outubro de 2011

Viagem

E 'e só depois de bem mais de um ano, que pego, lentamente no computador e escrevo.
E 'e só depois de bem mais de um ano, que concluo, que nunca foram os sítios, nunca foi só uma imagem, ou uma língua, ou um povo, ou um faduncho passado. Sempre foram as pessoas. Essas que dão vida aos lugarejos, que aquecem o teu coração, e te fazem ver o céu e o mar, um infinito azul. Sempre foram as memorias e os desejos. Desses, para esses. Viajantes.


"O povo português e, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo."

Pessoa

E cito Pessoa, alguém português de bom nome. Bem sei, outros povos também assim o hão-de-ser, apenas não tiveram este Pessoa, ou se tiveram, eu ainda não tive a graça de os conhecer. Ainda.
Voltar, com pés e cabeça, com olhar, cheiro e sabor, não foi voltar, foi encontrar de novo a viajante que se perdeu no caminho, e começar, de novo, sempre de novo, um novo caminhar numa nova viagem.


"A viagem não acaba nunca. So os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memoria. (...) E preciso voltar aos passos que foram dados. Para os repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. E preciso recomeçar a viagem. Sempre."

Saramago

Perdoem-me os erros. O computador 'e inglês e não conhece acentos no teclado.

13 de março de 2011

Faca

É hoje o dia!
Em que leva a faca ao corpo,
e desfaz o engano da sétima arte,
tornada museu.

Será pois,
o ultimo suspiro,
daquele ultimo actor,
(que antes de sair de cena),
rebenta num fôlego,
e diz o que nunca foi dito.

Faz história,
nas mentes absurdas,
do povo surdo que o espreita.
Ainda assim morre,
morrendo mesmo,
sem respirar o etéreo ar,
que é a imortalidade lírica.

11 de março de 2011

Numeralogia

O primeiro,
sabe,
não diz.

O segundo,
acha que sabe,
diz sempre.

O terceiro,
não sabe,
não pergunta.

O quarto,
acha que não sabe,
pergunta sempre.

O quinto,
feito esperto,
tenta ser melhor que os defeituosos quatro.
Diz demais, nunca pergunta.